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EM ALTA

25/12/2023 03h00 Atualizado 25/12/2023

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O miliciano Luis Antonio da Silva Braga, o Zinho, chefe da maior mil�cia do Rio, foi preso neste domingo, v�spera de Natal. A pris�o dele aconteceu seis dias depois da Pol�cia Federal e do Minist�rio P�blico do Rio deflagrarem a opera��o Batismo, que investigava a participa��o e articula��o pol�tica da deputada Estadual Lucinha (PSD).

Entenda o caso: Deputada Lucinha encontrou 15 vezes com milicianos, dizem PF e MPMalu Gaspar: Chamada de 'Madrinha' por milicianos, deputada atuou para soltar presos em flagrante e trocar comando de batalh�o

Segundo a Pol�cia Federal, a pris�o de Zinho ocorreu ap�s "tratativas entre os patronos" do miliciano, a PF e a rec�m recriada Secretaria de Seguran�a P�blica. O criminoso, que estava foragido, se apresentou na delegacia, localizada na Superintend�ncia da PF no Rio na tarde de domingo. Fontes da PF afirmam que, ao se entregar, Zinho est� tentandodo manter os neg�cios e conter os danos. A apreens�o de documentos e telefones na casa de Lucinha, chamada de Madrinha pelo chefe da maior mil�cia do Rio, representou um rev�s para a quadrilha. Na semana da opera��o de busca e apreens�o na casa da deputada, a advogada de Zinho entrou em contato com a PF para negociar a entrega do miliciano, ocorrida ontem.

Por conta da opera��o Batismo, a Justi�a do Rio determinou o afastamento imediato da parlamentar das fun��es legislativas, proibi��o de manter contatos com determinados agentes p�blicos e pol�ticos, bem como proibi��o de frequentar a casa legislativa.��As investiga��es apontam que Lucinha mantinha uma participa��o ativa da deputada e deroleta na betassessora na organiza��o criminosa, especialmente na articula��o pol�tica junto aos �rg�os p�blicos visando a atender os interesses do grupo miliciano, investigado por organiza��o criminosa, tr�fico de armas de fogo e muni��o, homic�dios, extors�o e corrup��o.

Entenda supostas liga��es de Lucinha com mil�cia

O "envolvimento com a mil�cia" por parte da deputada estadual Lucinha (PSD) e deroleta na betassessora, Ariane Afonso Lima, fez com que o desembargador Benedicto Abicair decidisse pela imposi��o de medidas cautelares contra as duas, alvos de a��o da Pol�cia Federal e do Minist�rio P�blico na �ltima segunda-feira. O requerimento do magistrado descreve cinco epis�dios em que a parlamentar teria interferido em prol da maior mil�cia do estado, chefiada por Luis Antonio da Silva Braga, o Zinho, a partir de quebra do sigilo telem�tico do miliciano Dom�cio Barbosa de Souza, conhecido como Dom ou Professor. A Alerj, que est� em recesso, encaminhou o pedido de afastamento de Lucinha � Procuradoria Legislativa.

A investiga��o da PF e do MP detectou que ao menos 15 encontros foram realizados pessoalmente em 2023 entre Lucinha,roleta na betassessora e integrantes da mil�cia, inclusive com a presen�a de Zinho � que evita o uso de aplicativos de conversa � em alguns deles.

A partir da quebra de sigilo de Dom, p�de-se identificar "outros integrantes da associa��o" criminosa, quando se chegou ao nome de Lucinha. A decis�o do desembargador Benedicto Abicair elenca cinco momentos em que, a partir das conversas, demonstrou-se "a interfer�ncia da parlamentar e deroleta na betassessoria ora para favorecer os interesses da malta, ora para proteg�-los das iniciativas das autoridades policiais de combate ao grupo".

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"Madrinha" � codinome que identificava o telefone da deputada Lucinha na agenda do telefone de Dom � chegou a mandar "beijos" e desejar que os milicianos "ficassem com Deus" em um dos di�logos. Confira abaixo as liga��es apontadas pela investiga��o:

1. Fornecimento de informa��es

Ariane informou aos criminosos sobre a data de uma visita do prefeito Eduardo Paes na Zona Oeste, segundo as investiga��es. Isso teria permitido que os milicianos pudessem "se programar" e "retirar das ruasroleta na bettropa armada".A decis�o da Justi�a destaca que essa troca de informa��es impediu "a atua��o do Poder P�blico na identifica��o e pris�o dos integrantes da malta".

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2. Interesse das vans

Lucinha agiu de "forma aguerrida na defesa dos interesses econ�micos" do grupo criminoso, com atua��o para manuten��o da chamada "brecha da AP5", aponta o MP.O termo faz refer�ncia � �rea de Planejamento 5 (AP5), que corresponde � �rea da Zona Oeste em que a mil�cia atua, e que, durante a realiza��o de estudos, permitiria que o transporte alternativo circulasse fora do itiner�rio determinado.Isso ajudaria na arrecada��o das vans, uma das principais fontes de recursos � mil�cia.A investiga��o diz que Lucinha atuou junto ao Poder Executivo para a manuten��o dessa "brecha", atendendo pedido do miliciano Dom, que afirmou textualmente que era de interesse dos criminosos a brecha da P5.

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3. Opera��o contra Tandera

Segundo a investiga��o, Dom teria fornecido informa��es � assessora parlamentar para elucidar um homic�dio ocorrido em Santa Cruz, em 30 de novembro de 2023.O miliciano relatou que o crime foi cometido pela quadrilha rival, liderada por Danilo Dias Lima, o Tandera, mas que o carro com o corpo teria sido abandonado na �rea "para incriminar" o Bonde de Zinho, diz o MP.O pedido de Dom era para que Lucinha se utilizasse "de seu prest�gio", para fazer essas informa��es chegarem �s autoridades.A investiga��o apura ainda se Lucinha usou seu mandato para pressionar opera��es da Pol�cia Civil contra um grupo rival de Zinho. Segundo o MPRJ, a mil�cia, supostamente, de Zinho, teria pago �s delegacias da Pol�cia Civil para fazer uma megaopera��o contra o grupo rival dele na Zona Oeste do Rio. Em nota, a Pol�cia Civil diz �que n�o h� qualquer tipo de ind�cio de conduta criminosa nas delegacias�, repudia qualquer tentativa de associar ela ou o delegado Marcus Amim � citado pelo grupo � a grupos criminosos.

4. Interven��o por presos: 'Fique com Deus'

Os criminosos pediram, ainda, � deputada para intervir ao menos em dois epis�dios na Pol�cia Militar. Em novembro de 2023, milicianos foram presos em uma a��o do Batalh�o de Rondas Especiais e Controle de Multid�o (Recom), mas ap�s liga��es de Lucinha, diz o MP, apenas foram apresentados na delegacia armas e fardas de uso restrito.No dia seguinte, Lucinha cenvia nova mensagem a Dom e diz que �fezroleta na betparte�, al�m de que iria quebrar o telefone. Ela manda beijos e diz para os milicianos ficarem com Deus.Em seguida compartilha duas

s com o ent�o presidente da Alerj Andr� Ceciliano (PT).

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5. Interfer�ncia no comando de batalh�o

O Minist�rio P�blico ainda encontrou conversas em que o miliciano pede para a deputada a troca do comandante do 27� BPM (Santa Cruz), �rea de atua��o da quadrilha. Dom diz a um contato para repassar para Zinho que j� tinha feito o pedido de interfer�ncia para a "Madrinha". O miliciano teria ainda cobrado que ela articular a troca com o comandante geral da PM e com o �presidente�, se referindo � Ceciliano, segundo o MP.� colunista Malu Gaspar, o comandante da PM Luiz Henrique Marinho Pires disse que nunca foi acionado por nenhum pol�tico para trocar chefes de batalh�es ou das Delegacias de Pol�cia Judici�ria Militar, que investigam mil�cias e crimes de agentes da corpora��o.O comandante da unidade foi trocado apenas em agosto de 2023. A PM ainda diz que vai investigar os casos assim que tiver acesso ao conte�do do inqu�rito.

Atualmente Secret�rio Especial de Assuntos Federativos, Ceciliano diz que �jamais tomou conhecimento da atua��o da deputada Lucinha em prol da mil�cia e nem recebeu dela qualquer pedido para atuar em interesse desse grupo�. O ex-presidente da Alerj ainda diz que n�o � investigado ou que foi convidado a ser testemunha no caso.

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O suposto bra�o pol�tico tamb�m teria sido usado para garantir opera��es ilegais de vans na cidade do Rio. Outra troca de mensagens mostra que os milicianos pediram para Lucinha, correlegion�ria de Eduardo Paes, buscar frear mudan�as que a prefeitura do Rio estudava no transporte alternativo na capital. Enquanto uma comiss�o trabalhava para estudar como melhorar o transporte na Zona Oeste, houve pedidos para Lucinha pressionar para a manuten��o da �brecha da P5�.

De acordo com a investiga��o, se tratava do �Sistema de Transporte P�blico Local (STPL) da �rea de Planejamento 5 � AP5, que corresponde ao transporte de vans nos bairros da Zona Oeste, maior fonte de recursos direta da associa��o criminosa paramilitar�.

A secretaria de Transportes afirmou em nota que as decis�es sobre o sistema s�o feitas para toda a cidade e sem interfer�ncia pol�tica. A prefeitura diz ainda que �eventuais pleitos pol�ticos s�o analisados e decididos sob a perspectiva t�cnica e de interesse da popula��o�.

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Alerj: 'situa��o in�dita'

A presid�ncia da Assembleia Legislativa do Rio informou nesta ter�a-feira que o afastamento da deputada Lucia Helena Pinto de Barros, a Lucinha (PSD), determinado pelo desembargador Benedicto Abicair, do �rg�o Especial do Tribunal de Justi�a, � "situa��o in�dita" no Parlamento fluminense. Uma investiga��o do Minist�rio P�blico do Rio (MPRJ) e da Pol�cia Federal mostrou supostas liga��es de Lucinha com milicianos da quadrilha de Luis Ant�nio da Silva Braga, o Zinho.

Essa medida imposta pelo magistrado, no entanto, ter� que ser submetida aos deputados. De acordo com a decis�o, o voto ter� que ser aberto e nominal. �Pela primeira vez enfrenta-se a quest�o da altera��o judicial da composi��o parlamentar sem pris�o, mediante a decreta��o de medida cautelar�, diz a nota da Alerj.

A presid�ncia da Alerj encaminhou, ent�o, o despacho de Abicair para que �a Procuradoria Legislativa se manifeste sobre o tema, por se tratar de mat�ria jur�dica in�dita�. S� depois dessa an�lise, �ser� iniciado o procedimento interno�. A Casa n�o divulgou os prazos para a procuradoria emitir seu parecer. Os deputados est�o em recesso at� 6 de fevereiro.

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